Em 2004 Nuno da Câmara Pereira continua dividido entre o fado e a política: lança o álbum “Fado à Minha Maneira” e candidata-se ao Parlamento Europeu pela coligação “Força Portugal”, mas não chega a ser eleito. Poucos meses depois, em fevereiro de 2005, já como presidente do PPM, candidata-se à Câmara de Vila Viçosa. Nas autárquicas não almeja a eleição, mas em outubro deste mesmo ano concorre nas legislativas e torna-se deputado do PPM na Assembleia da República, eleito pelas listas do PSD. A partir desta altura, considerando estar agora “noutro palco a cumprir um serviço de cidadania”, Nuno arreda-se das exibições por vontade própria, mas nunca inteiramente do fado.
De entre as várias iniciativas que patrocina durante o seu mandato destaca-se o facto de ter sido o mentor da Lei da Rádio, que reserva mais espaço à produção nacional nas estações de rádio. E, em simultâneo com a sua carreira política, vai subindo de tom o clima de desavença entre o deputado monárquico e D. Duarte Pio de Bragança, cuja pretensão ao trono Nuno da Câmara Pereira contesta. A incompatibilidade chega ao rubro em 2007, altura em que o deputado entra com um processo em tribunal contra D. Duarte Pio, por causa da questão em torno da Ordem de São Miguel da Ala, e publica um livro a que dá o título de “Usurpador”, levantando questões relativas ao processo de sucessão monárquica e aos seus protagonistas.
Pouco depois, antevendo já o fim do seu mandando como deputado, inicia a preparação e lança, em 2008, o álbum “Lusitânia”. É o 14º disco de Nuno da Câmara Pereira em que o fadista regressa às origens com os clássicos “Lenda das Rosas” e “Igreja de Santo Estêvão ” – a que ousa dar um toque pessoal longe das versões de José Pracana e Fernando Maurício, respetivamente –,e com temas originais com poemas seus, de Ary dos Santos e Almeida Garrett, musicados pelo guitarrista Custódio Castelo. Após quatro anos de silêncio, o álbum é recebido com entusiasmo.
Enquanto ainda é deputado, o sempre empreendedor Nuno da Câmara Pereira volta à universidade para, aproveitando as suas habilitações e o processo de Bolonha, tirar a licenciatura em Engenharia do Ambiente. Findo o seu mandato – que termina em outubro de 2009 –, e já com mais de 30 anos de carreira, Nuno retoma as suas atuações como fadista, agora com um ritmo muito mais calmo: vai cantando no restaurante Nini, na rua Pascoal de Melo, em Lisboa, e noutras casas de fado amador onde o ambiente o inspira, mas não aceita compromissos, a não ser os dos concertos que continua a dar por todo o país. Em 2010, abandona definitivamente a liderança do PPM e, com o tempo que lhe sobra, acaba por se dedicar mais ao curso de Engenharia do Ambiente que conclui em 2011.