Os dois anos seguintes são de pausa no acelerado ritmo discográfico e de ainda maior investimento nos concertos e digressões, de que há a assinalar a estreia de Nuno em África do Sul, no Standard Bank Arena, de Joanesburgo, em 1991. No ano seguinte, encerra-se uma etapa na vida do fadista e inicia-se outra: Nuno da Câmara Pereira fecha o Novital mas lança, em Sintra, a sociedade Jardim de Monserrate, dedicada à produção e venda de plantas ornamentais e exóticas. Enquanto isso vai preparando o seu próximo disco, “Atlântico”, que lança no final do ano. Porém, a crise económica não ajuda e embora continue a ser dos fadistas portugueses com mais discos vendidos, este fica muito aquém da procura dos anteriores. Mesmo assim, este seu sétimo álbum ainda ultrapassa as 10 mil cópias vendidas, tornando-se Disco de Prata.
O ano de 1993 é aquele em que o fadista Nuno da Câmara Pereira se assume também como homem político. Em homenagem à consagrada fadista Maria Teresa de Noronha, sua prima, que morre a 5 de julho, Nuno revisita o seu repertório com o disco “Tradição”, em que canta juntamente com os seus primos Vicente e José da Câmara. E é neste ano que acompanha Gonçalo Ribeiro Telles, quando este abandona o Partido Popular Monárquico (PPM), para se tornar um dos membros fundadores do Movimento o Partido da Terra (MPT), candidatando-se, de seguida, à presidência da Câmara Municipal de Sintra.
“Só à Noitinha”, o seu disco seguinte, é surpreendente. Aqui os fados de Nuno são acompanhados pela Orquestra Sinfónica da Lituânia e por uma única guitarra, tocada pelo guitarrista virtuoso Custódio Castelo. Os arranjos barrocos são assinados por Alejandro Erlich-Oliva, do grupo português de música de câmara Opus Ensemble, de onde vem também a pianista que o acompanha, Olga Prats. O disco conta ainda com a participação de Carmen Cardeal na harpa.
Lançado em 1985, também este disco espelha os tempos difíceis, ficando-se pelo Disco de Prata, com mais de 10 mil cópias vendidas. Em 1997, Nuno da Câmara Pereira comemora os 20 anos de carreira com o lançamento da sua primeira coletânea de êxitos – “Tudo do Melhor” – e um concerto no Coliseu dos Recreios, espetáculo que a sua discográfica desaconselha, tendo em conta a conjuntura e as vendas. No entanto, Nuno não se demove. “Fiz o espetáculo sem apoios e enchi o Coliseu”, conta Nuno. Pouco depois, o fadista anuncia à editora que pretende rescindir o seu contrato.