A desvinculação da EMI demonstra-se algo morosa pelo que, até ao seu próximo disco – que só surgirá daqui a quatro anos –, Nuno da Câmara Pereira dedica-se sobretudo aos espetáculos ao vivo pelo país e no estrangeiro, merecendo destaque os concertos no Festival de Florença, no Teatro de S. Carlos, em Nápoles, Itália, e no Teatro Municipal de Tunis, na Tunísia. Além disso, o seu envolvimento político quer nas hostes do PPM, quer a nível autárquico é crescente. Depois, há ainda os inúmeros projetos negociais em que se vai envolvendo e a direção da Associação de Socorro e Amparo de Carnide, detentora do Colégio do Menino Jesus, fundado em 1981: uma instituição privada de solidariedade para crianças desfavorecidas ligada à Ordem de São Miguel de Ala, que Nuno restaurou no mesmo ano (1981) e de que é comendador-mor.

O ano 2000 vai encontrar Nuno da Câmara Pereira – já com um contrato com a editora Universal – quase consecutivamente em Madrid a gravar o álbum “A Última Noite”, que conta com a participação de algumas celebridades como Rosana, uma das maiores cantoras de Espanha, a cubana Lucrecia e Snowy White, guitarrista convidado da célebre banda rock inglesa Pink Floyd. O que não o impede de continuar a dar concertos e de passar pelo 9º Festival Nafplion, na Grécia, ou de protagonizar, finalmente, um espetáculo que já vinha a preparar desde 1996, altura em que conheceu a cantora napolitana Consiglia Licciardi no Festival Mediterrânico de Malta. As paixões e temas comuns entre a canção napolitana e o fado de Lisboa levaram Nuno a conceber, juntamente com o musicólogo italiano Paolo Scarnechia, o concerto “La Voce di Napoli, A Voz de Lisboa”, que deixou rendido a seus pés e aos de Consiglia Licciardi o público do Teatro Municipal do Luxemburgo.

Em 2001, lança “A Última Noite”, álbum dedicado ao fado e à música latino-americana em que Nuno surge a cantar em castelhano. Este ano é também marcado por uma digressão na América do Sul, com concertos na Costa Rica, Uruguai, Argentina e Brasil e pela polémica desavença com Edite Estrela, autarca de Sintra, devido à denúncia pelo fadista da alegada existência de corrupção na autarquia.

No ano de 2002, o “menino bonito do fado” leva já um quarto de século a cantar, data que assinala com o lançamento do triplo álbum “O Melhor de Nuno da Câmara Pereira – Edição Comemorativa dos 25 anos de Carreira”, da Reader’s Digest, e com vários espetáculos. Mas o grande concerto que vai comemorar realmente este marco da sua carreira só acontece no ano seguinte, no palco que o viu “nascer” e que levará à edição do DVD “Ao Vivo no Coliseu”. É também neste ano de 2003 que o fadista lança o seu primeiro disco editado pela Ovação: “Jardim de Sonhos” repete a receita do casamento do fado com temas espanhóis e sul-americanos e Nuno volta a seduzir cantando em castelhano.